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Santos da Bahia

É preciso recordar-se, com gratidão, da Bahia de santos anônimos, homens e mulheres que vivem a santidade no anonimato da vida cotidiana

  • Foto do(a) author(a) Dom Sergio da Rocha

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 05:00

A Baía de Todos-os-Santos, com seus encantos, deu nome ao nosso querido estado da Bahia. O nome escolhido para a larga e formosa baía, por causa do Dia de Todos-os-Santos, preanunciava que ela seria uma terra habitada por muitos santos, como São José de Anchieta, jesuíta que foi ordenado sacerdote na Catedral de Salvador; Sta. Dulce dos Pobres, a amada irmã que ensinou a amar e a servir os pobres; e a Bem-aventurada Lindalva, a irmã Filha da Caridade que morreu mártir em Salvador, no abrigo D. Pedro II, em 1993, numa Sexta-Feira Santa. Além deles, temos ainda santos que viveram em Salvador ou no Recôncavo, por alguns meses ou anos, como o Beato Inácio Azevedo, jesuíta que foi martirizado em 1570, com seus companheiros missionários, e Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, franciscano conhecido como Frei Galvão, nascido em 1739, que estudou em Cachoeira. A Terra de Todos-os-Santos receberia ainda a visita de santos hoje muito venerados no mundo inteiro, como Santa Teresa de Calcutá e Papa São João Paulo II.

Recentemente, aconteceu um fato de especial importância para Salvador e para a Bahia, que repercutiu na mídia nacional. Foi concluída solenemente a fase diocesana do estudo da vida e da santidade de Madre Vitória da Encarnação, religiosa da Ordem das Clarissas, portanto, da família inspirada em São Francisco de Assis e Santa Clara, que viveu no Convento do Desterro, em Salvador, onde está sepultada, tendo lá falecido em 1715. Ela teve como biógrafo um renomado arcebispo de Salvador, Dom Sebastião Monteiro da Vide, que publicou em 1720, a vida de Madre Vitória, o que demonstra a importância dela como exemplo de santidade.

Além do seu testemunho de oração contemplativa, ela é mais um exemplo de generosa dedicação aos pobres e sofredores, despojando-se até mesmo de alimentos e da cama a que teria direito para favorecer os mais necessitados. A documentação de cerca de 700 páginas, resultante do rigoroso estudo realizado com a colaboração de historiadores e outros especialistas, está sendo enviada a Roma para o Dicastério para a Causa dos Santos, à espera de aprovação para dar prosseguimento à próxima fase que é a Beatificação, quando é exigida a comprovação de um milagre ocorrido em nosso tempo. Desde o início da fase diocesana, ela tem sido denominada Serva de Deus. Após a Beatificação, ela passará a ser chamada de Beata ou Bem-aventurada. Por fim, após ser beatificada, começará a última etapa que é a Canonização, quando será exigida a comprovação de mais um milagre, para ser venerada em toda o mundo como Santa.

A rica e bela história dos santos da Bahia tem uma relevância que ultrapassa as fronteiras da Igreja Católica integrando o precioso patrimônio histórico e cultural baiano. Entretanto, é preciso recordar-se, com gratidão, da Bahia de santos anônimos, homens e mulheres que vivem a santidade no anonimato da vida cotidiana.

Dom Sergio da Rocha, Cardeal Arcebispo de São Salvador

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