Na minha viagem de férias, conheci o Didi, que tem esse apelido desde jovem porque dava passes de curva, de trivela, com a parte externa do pé, imitando o mestre Didi, melhor jogador da Copa de 1958 e um dos maiores meio-campistas da história.
Modric, com seus passes de trivela, deve ter visto filmes de Didi jogando. Vinicius Junior, no Real Madrid deve ter aprendido com Modric. Quando Vini dribla e avança pela esquerda, costuma dar passes de trivela com a parte externa do pé direito, com a bola contornando o zagueiro e chegando para o companheiro livre atrás do marcador.
Sinto falta na seleção de um meio-campista, como Modric, Didi e outros. O passe de curva é um recurso técnico, belíssimo, um efeito especial. Evidentemente não é necessário saber dar uma trivela na bola para ser um craque na posição. Lembrando Skank na música “É uma Partida de Futebol“, o meio campo “é o lugar dos craques, que vão levando o time todo para o ataque”.
Se a seleção atual, mesmo jogando mal, golear Chile e Peru, duas fracas seleções, espero que os otimistas, os bonzinhos e os pachecões não fiquem eufóricos nem achem que a equipe encontrou o futebol desejado, pois essa ilusão criará uma expectativa acima da realidade para os jogos seguintes.
No Brasil, basta um fracasso ou um brilhareco para haver um grande desânimo ou uma euforia. O Flamengo, após o belo e eficiente futebol que mostrou em 2019, sob o comando de Jorge Jesus, vive uma crônica expectativa acima da realidade, além de uma enorme soberba —de que tem um timaço e que vai golear todos os adversários, principalmente no Maracanã. Quando ocorre a frustração, a culpa é do técnico. Tite é a última vitima.
Tite é um técnico científico, organizado, equilibrado, racional, sério e que tem uma ótima comissão técnica para ajudá-lo. Porém é um treinador previsível e repetitivo, como ocorre com a maioria de outros bons treinadores. Quando surgem os imprevistos, ficam confusos, pois têm de tomar decisões rápidas e diferentes. É a limitação dos treinadores.
A expectativa acima da realidade é uma situação bastante presente no futebol brasileiro. O Cruzeiro, antes da chegada dos novos contratados, jogava bem e tinha uma ótima colocação na tabela, já que não é uma equipe com vários jogadores de grande prestigio. Quando chegaram os novos, criou-se uma expectativa acima da realidade, como se fossem grandes reforços. O único excepcional dos novos é o goleiro Cássio.
Os outros são bons, porém parecidos com os que o time já possuía nas posições. A equipe piorou e o jovem técnico Seabra foi dispensado. No empate em 1 a 1 contra o Vasco, já sob o comando de Fernando Diniz, era cedo para haver algo diferente.
No gol do Cruzeiro nessa partida, com uma excelente cabeçada do zagueiro Zé Ivaldo, após o ótimo cruzamento de Barreal, um tipo de gol que acontece milhões de vezes no futebol, o narrador e o comentarista, para agradarem ou por acharem que todo gol é programado, ensaiado, disseram que o gol já teve o dedo, a marca do novo treinador.
Pior que uma exagerada expectativa é ter uma expectativa abaixo da realidade, uma baixa autoestima.
Precisamos sonhar, progredir e lutar por coisas melhores.
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