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Boulos vive indefinição sem Lula, que cancela live, e prevê reta final ‘com emoção’ – 02/10/2024 – Poder

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Sob indefinição a quatro dias do primeiro turno, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo teve mais uma intercorrência nesta quarta-feira (2) com o cancelamento de uma live dele com Lula (PT), que ocorreria à noite e foi suspensa após o problema com o voo do presidente na volta do México.

O cenário nos bastidores é de tensão diante das dúvidas sobre o segundo turno, com as pesquisas mostrando dificuldade de Boulos, Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) para abrirem uma margem que garanta a classificação à próxima fase. O deputado prevê uma reta final “com emoção”.

Com dificuldade para atrair eleitores que apoiaram Lula em 2022 e historicamente votam no PT, como os de baixa renda e moradores da periferia, o consórcio PSOL-PT depositava expectativas em uma participação mais intensa do presidente nos atos de rua, o que se frustrou.

A live com Lula era uma espécie de “tapa-buraco” para a ausência dele na cidade e foi anunciada em cima da hora, nesta terça-feira (1º). À noite, após a falha no motor do avião que atrasou seu retorno ao Brasil, a atividade subiu no telhado. O petista desembarcou em Brasília nesta quarta pela manhã, e a campanha anunciou o cancelamento da live às 20h usando como justificativa os problemas técnicos na aeronave.

A informação é que está mantida a participação de Lula em uma caminhada no sábado (5), véspera da votação, na avenida Paulista. O objetivo é que o ato, às 9h, funcione como um último chamado de mobilização com a presença da vice, Marta Suplicy (PT), e de outros aliados do campo de esquerda.

Lula já tinha desmarcado uma vinda à cidade no sábado passado (28), que chegou a ser noticiada pelo próprio Boulos. A previsão era fazer carreatas nas regiões de Grajaú (zona sul) e São Mateus (zona leste). Segundo a campanha, a viagem foi cancelada justamente por causa da ida do presidente ao México para a posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum.

Auxiliares ouvidos pela Folha relataram que Lula relembrou nos últimos dias ter 78 anos —ele completa 79 no próximo dia 27— e disse que tem se sentido cansado com a agenda presidencial intensa, o que impõe alguns limites à sua participação nas campanhas de Boulos e outros aliados.

A mensagem repassada à equipe do deputado é que ele chegou exausto ao país e, por isso, precisaria ajustar os compromissos previstos para o dia. O entorno de Boulos, embora decepcionado, considerou a decisão compreensível.

As atividades programadas para o último sábado já tinham sofrido alterações, com uma diminuição do número de locais visitados e uma discussão sobre fazer comícios ou carreatas, por causa da preocupação com o desgaste físico do presidente.

A caminhada na Paulista, que antes estava prevista para as 14h, foi transferida para a parte da manhã a pedido da equipe da Presidência, para que os compromissos não se estendessem até depois do almoço. Lula votará no domingo (6) em São Bernardo do Campo (SP).

Antes da campanha, o presidente indicou disposição de mergulhar na eleição paulistana, mas ele só esteve na capital no dia 24 de agosto para dois comícios, no Campo Limpo (zona sul) e em São Miguel (zona leste). Em setembro, recebeu o aliado em Brasília para novas gravações para o horário eleitoral.

O clima de apreensão na campanha de Boulos ficou restrito aos bastidores, com a mensagem pública à militância de que a ida ao segundo turno está assegurada e que falta saber se o embate direto será contra Nunes ou Marçal.

A pesquisa Quaest divulgada na segunda-feira (30) mostrou empate técnico entre o prefeito (24%), o deputado (23%) e o influenciador (21%) na primeira colocação. As variações na comparação com o levantamento da semana passada ocorreram dentro da margem de erro, indicando estabilidade.

Na terça, em transmissão em seu canal no YouTube, Boulos conclamou os apoiadores a intensificarem o boca a boca nesta semana, divulgando as propostas da candidatura, desmentindo fake news contra ele e compartilhando o apoio em redes sociais para incentivar outras pessoas a votarem na chapa.

Outro pedido é para reforçar o número de urna, 50, para evitar a confusão com o 13 do PT.

“A gente vai precisar de todo mundo nesta reta final”, disse o candidato, martelando o discurso de enfrentamento ao bolsonarismo. “Esta campanha não é minha ou da Marta Suplicy ou dos partidos, é nossa”, continuou, falando que está crescendo nas pesquisas. “Mas tudo ali muito apertado. Vai chegar na reta final ali com muita emoção. E a gente precisa de todo mundo mobilizado.”

“Vai ser um negócio muito embolado”, reforçou Boulos no podcast Inteligência Ltda, na noite desta terça. “Eu acredito que eu vou para o segundo turno, historicamente a esquerda vai para o segundo turno.”

Além da atividade com Lula, a campanha trata como decisiva nestes últimos dias a participação de Boulos no debate da TV Globo, nesta quinta-feira (3). A avaliação é que o eleitorado histórico da esquerda na cidade decide o voto na véspera, favorecendo uma onda de apoio ao nome da esquerda.

Coordenadores repetem que o PT possui o chamado “voto de chegada”, o que provocaria uma afluência de votos em Boulos até domingo que garanta sua passagem à próxima fase. O entendimento é que o deputado terá uma curva de crescimento à medida que ficar estabelecida sua vinculação a Lula.

Até aqui, Boulos não conseguiu obter uma ampla transferência de votos de Lula na cidade, onde o presidente superou Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022. As pesquisas mostram que Nunes conseguiu atrair parte do eleitorado lulista, inclusive os de menor renda.

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