Jornal dos EUA disse que deixaria os leitores terem autonomia para escolher entre Kamala e Trump
O Washington Post, um dos jornais mais influentes dos Estados Unidos, perdeu mais de 200 mil assinantes até às 13h (horário de Brasília) desta 2ª feira (28.out.2024) depois de ter anunciado que não apoiará nem a candidatura de Kamala Harris (Democrata) nem a de Donald Trump (Republicano) para a disputa presidencial nos EUA.
O número de cancelamentos representa 8% do total de assinantes do jornal norte-americano e deve pressionar as finanças do veículo do bilionário Jeff Bezos. O dado foi divulgado pela rádio norte-americana NPR.
A percepção negativa dos assinantes sobre o posicionamento piorou depois de colunistas do Washington Post terem afirmado que a neutralidade foi decidida por Bezos. O grupo disse que um editorial de endosso a Kamala Harris já havia sido produzido, mas o bilionário teria barrado sua publicação e optado pela imparcialidade.
O editorial publicado pelo Washington Post argumentou que o objetivo do jornal é fornecer notícias imparciais e informações que ajudem os leitores a formar suas próprias opiniões, sem os influenciar e permitindo suas autonomias para escolher entre Kamala e Trump.
O posicionamento repercutiu negativamente entre parte dos leitores do Post. A notícia teve mais de 2.000 comentários, com muitos dizendo terem cancelado suas assinaturas.
Ex-funcionários da empresa também desaprovaram o posicionamento. Martin Baron, ex-editor-executivo do jornal, classificou a decisão como uma “covardia” que em benefício da campanha do ex-presidente Donald Trump.
“Trump celebrará isso como um convite para intimidar ainda mais o dono do Washington Post, Jeff Bezos. Uma falta de coragem perturbadora em uma instituição famosa pela coragem”, declarou.
Marcus Brauchli, outro ex-editor executivo do jornal, disse à NPR que os cancelamentos de assinaturas estão sendo feitos pela falta de justificativa para a imparcialidade. “O problema é que as pessoas não sabem por que a decisão foi tomada. Basicamente, sabemos que a decisão foi tomada, mas não sabemos o que levou à ela”.