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Reunião interna do PT tem críticas a ministros

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Gleisi foi aplaudida por bronca pública em Padilha após ministro dizer que partido está na “zona de rebaixamento”; aliança com Boulos também foi vista como “erro tático” por alguns integrantes

A reunião da comissão executiva nacional do PT (Partido dos Trabalhadores) realizada nesta 2ª feira (28.out.2024) foi marcada por críticas à atuação de ministros da sigla nas eleições municipais. Também foram feitas cobranças públicas por um reposicionamento da legenda depois do fraco desempenho em 2024, já com vista ao pleito presidencial de 2026.

As reclamações acabaram personificadas no ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) que, no início da tarde e depois um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o PT não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016 nas eleições municipais”. Ele usou uma expressão do futebol referente aos 4 times que estão na ponta debaixo da tabela do campeonato brasileiro, na zona de rebaixamento.

“Se ficou na zona do rebaixamento, tem ministro que está jogando na várzea. E isso é perigoso pensando em 2026, nesse sentido”, disse o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto (SP).

Durante o encontro, a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), também criticou Padilha. Ao anunciar que tinha publicado sua avaliação em sua página no X (ex-Twitter), foi aplaudida. Na rede social, disse que o responsável pela articulação política do governo ofendeu a legenda, que paga um preço por estar em uma ampla coalizão.

“Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema-direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças. Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”, escreveu Gleisi. Padilha foi convidado para o encontro em Brasília, mas não foi.

Petistas presentes na reunião avaliaram que os ministros do partido não souberam capitalizar os feitos do governo federal que têm impacto direto para a população, especialmente com os programas sociais, e que os ministros do Centrão tiveram mais êxito nesse sentido.

Gleisi Hoffmann cobrou maior interlocução do partido com o governo federal e disse que é preciso ter mais disputa política.

“Quem faz disputa no governo do presidente Lula é ele quando fala dos programas, quando defende o que está fazendo. Eu vejo pouca participação dos ministros para falar disso, inclusive dos seus projetos de área. Mas essa disputa política, esclarecendo a sociedade do porquê do programa, é muito importante”, disse a jornalistas.

A deputada afirmou que a operação Lava Jato causou uma crise de imagem ao PT a partir de 2014 e que os seus efeitos são sentidos até hoje. Afirmou também que, por ter Lula na Presidência da República, havia uma expectativa de que o partido tivesse um resultado melhor nas urnas em 2024.

“É obvio que por ter a Presidência da República havia uma expectativa de o PT ter números maiores do que teve. Diria até uma expectativa mais externa do que interna, mas havia essa expectativa. Isso mostra que ter o governo federal não significa necessariamente que você vai ter vitórias nas eleições municipais”, disse.

Críticas à aliança com Boulos

Jilmar Tatto afirmou a jornalistas que Lula errou ao ter decidido apoiar Guilherme Boulos, do Psol, para a Prefeitura de São Paulo. Ele perdeu no 2º turno para o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que teve amplo apoio do governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para o deputado, o PT cometeu um “erro tático” ao ter apoiado um candidato de esquerda.

“Lula ganha a eleição numa frente ampla e monta um governo trazendo pessoas e partidos que nem o apoiaram, como MDB, União Brasil e PSD, já pensando nessa nova configuração. Quando sinaliza que a candidatura na principal cidade do país é do Psol, ninguém entende. Nada contra a figura do Boulos, mas é que sinaliza para o Brasil e para todas as cidades que a nossa aliança é com a esquerda. E aí a gente perde a eleição e não sabe por quê. A nossa sinalização deveria ser para o centro, com o PT tendo candidato onde for possível e quando não for, tendo candidato de centro”, disse.

Para Tatto, a indicação de Marta Suplicy, que voltou ao PT para integrar a chapa de Boulos como vice, não contribuiu para levar a candidatura mais ao centro. “Evidente que o eleitor pensa ‘eu não vou nessa’. São essas sinalizações que eu acho que a gente não conseguiu enxergar”, disse.

PT nas eleições

O Partido dos Trabalhadores elegeu 252 prefeitos em todo o país nas eleições municipais de 2024. Desses, só 6 em grandes cidades (aquelas com mais de 200 mil eleitores). A sigla do presidente Lula voltou a comandar uma capital depois de um hiato em 2020. Venceu em Fortaleza (CE).

Numa conta aritmética, o PT sai das urnas com mais prefeitos do que conquistou em 2020. Um crescimento de 184 para 252, ou seja, 68 prefeituras a mais. Só que esse desempenho é tímido para um partido que está na Presidência da República. A sigla até hoje não conseguiu voltar ao patamar de 2012, pré-operação Lava Jato, quando chegou ao maior número de cidades de sua história: 625. Na época, Lula havia acabado de encerrar seu 2º mandato com alta aprovação e havia feito sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff(PT), em 2010.

Infográfico com um resumo do desempenho do PT


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